Hipertermia: saiba o que é e o que a diferencia da febre

Quando pensamos em aumento da temperatura corporal, a febre costuma ser a principal coisa que vem à mente. No entanto, existe um outro fenômeno, chamado hipertermia, que também está relacionado à temperatura do corpo elevada1.  

Nunca ouviu falar nesse nome? Fique com a gente até o final do artigo para entender o que é hipertermia, como ela se manifesta, o que a diferencia do clássico quadro de febre e como cuidar dos sintomas que a acompanham.  

O que é hipertermia?

A hipertermia é caracterizada pela elevação anormal da temperatura corporal, que ocorre quando geramos ou absorvemos mais calor do que nosso organismo consegue suportar2.  

É como se o corpo passasse por um superaquecimento2, igual acontece com máquinas, tipo o computador, sabe? Nesses casos, o termômetro pode chegar a marcar acima de 40ºC, e se a pessoa não receber os devidos cuidados de forma rápida, corre risco de morte1.  

Aqui, vale lembrar que hipertermia e hipotermia são cenários completamente opostos2. Na hipotermia, o calor do corpo é perdido mais rapidamente do que é produzido e a temperatura corporal sofre uma redução perigosa. Isso acontece quando se é exposto a temperaturas muito baixas por muito tempo3.  

Já na hipertermia, geralmente há uma falha nos mecanismos de regulação do calor para lidar com ambientes muito quentes4.  

Isso acontece quando o corpo esquenta demais e as estratégias usadas para resfriá-lo, como a transpiração, não funcionam. Pode acontecer até quando você está desidratado, por exemplo, e falta água no organismo para produzir suor. Aí, a temperatura começa a subir a ponto de te fazer se sentir mal5

Veja as formas eficazes de medir a temperatura do corpo.  

O que causa hipertermia?

Para compreender o que causa hipertermia precisamos ver quais são os tipos dessa condição1. Confira abaixo:  

  • a hipertermia clássica está relacionada à exposição excessiva ao sol e ao calor, principalmente em locais com temperaturas amenas que, de forma repentina, ficam com o clima muito quente1 (por exemplo, ondas de calor vivida em alguns países da Europa nos últimos anos); 
  • a hipertermia induzida por esforço físico é o aumento da temperatura interna pela atividade prolongada da musculatura somada a temperatura ambiente e umidade elevadas6;  
  • a hipertermia maligna é o efeito colateral de alguns medicamentos1 (falaremos disso mais a frente).  
Homem ao ar livre com fone no ouvido e traje esportivo, suado e com fisionomia de cansaço

Para finalizar esse tópico, a hipertermia pode ser causada por tumores que surgem na região do hipotálamo, localizado no cérebro. A lesão tende a fazer essa estrutura perder a capacidade de regular a temperatura corporal e, assim, acaba contribuindo para quadros de hipertermia quando há exposição a ambientes demasiadamente quentes1

Quem corre mais risco de ter hipertermia?

A hipertermia clássica é uma complicação que afeta mais crianças — sim, hipertermia infantil é uma realidade! — e idosos1. Esses são grupos (crianças muito pequenas, idosos e pessoas com doenças crônicas) que têm menor capacidade de regular a temperatura corporal, e passar muito calor dentro de um ambiente é o suficiente para incitar esse efeito deletério5

Veja outros fatores que aumentam o risco de o corpo esquentar excessivamente: 

  • estar desidratado4
  • portar doenças cardíacas, pulmonares e renais, assim como outras condições que causem febre ou fraqueza4
  • ter pressão alta e circulação sanguínea prejudicada4
  • consumir bebidas alcoólicas em excesso4
  • estar substancialmente abaixo ou acima do peso4
  • redução da sudorese por conta do uso de medicações como as diuréticas4
  • alterações na pele relacionadas à idade, como glândulas sudoríparas ineficientes4.  

Quais os sintomas da hipertermia?

O aumento drástico da temperatura corporal, que tende a cruzar a linha dos 40ºC, é a principal característica que define o que é hipertermia1,7. E essa alteração estimula alguns sintomas de hipertermia, a exemplo dos que listamos a seguir:  

  • cãibras1
  • transpiração excessiva1
  • dor de cabeça1
  • tontura1
  • fraqueza1
  • alucinações1
  • convulsão1
  • queda de pressão1
  • desmaios1
  • respiração curta e acelerada1
  • náuseas e vômitos1

Uma das formas mais graves de hipertermia é a insolação2, condição em que o corpo aquece de forma rápida pela exposição ao sol e ao calor intenso e não consegue se resfriar8.  

A insolação pode ser fatal e é especialmente perigosa quando a temperatura corporal fica acima dos 41ºC, acarretando prejuízos para o cérebro e outros órgãos2.  

Qual é a diferença entre febre e hipertermia?

É importante entender que, quando temos febre, o organismo aumenta a temperatura de forma “proposital”2 para tentar combater agentes infecciosos (como vírus e bactérias)1,2

Ou seja: a febre funciona, de fato, como um mecanismo de defesa1. É o organismo lutando contra alguma doença ou infecção2.  

Já na hipertermia, não há infecções envolvidas1. Diante de outros fatores, como exposição exagerada ao calor1, há o aumento de temperatura2. Nesse momento, existe uma dificuldade para “expulsar” o calor de forma natural devido a problemas na regulação da temperatura4, e temos a hipertemia1

Termômetro marcando temperatura de febre alta

Toda hipertermia é maligna?

Não, nem toda hipertermia é maligna. Como vimos, esse é apenas um dos tipos desse problema1. Vamos explicar com mais detalhes o que é hipertermia maligna.   

O quadro é classificado dessa forma quando se manifesta após o uso de uma combinação específica de sedativos e anestésicos em certos procedimentos médicos, como uma cirurgia2

Nessa doença, a temperatura do corpo aumenta perigosamente durante ou após essa intervenção. Para entender melhor o que é hipertermia maligna, saiba que essa é uma condição herdada geneticamente, cuja reação pode surgir tanto na primeira vez em que a pessoa é exposta a certos medicamentos quanto após várias exposições, o que é mais comum2

Por esse motivo, é importante informar o médico e o anestesista sobre qualquer histórico familiar antes de passar um procedimento9

Bem, agora que você já entendeu tudo sobre a hipertermia, inclusive o que é hipertermia maligna, vamos seguir para as formas de cuidar desse tipo de problema…  

Qual é o tratamento para hipertermia?

Mesmo que tenha sintomas de hipertermia leves a moderados, é importante que consulte o médico. Normalmente, eles são controlados com repouso em ambientes frescos e bem ventilados, remoção de roupas pesadas e apertadas, consumo para repor a hidratação, aplicação de compressas frias na pele e alongamento dos músculos, quando as cãibras dão as caras2.  

Situações mais críticas, como a insolação, exigem atendimento médico imediato. Se possível, até receber o atendimento, é importante resfriar o corpo da pessoa com medidas como banhos gelados e aplicação de bolsas de gelo no pescoço, axila e virilha2

Ao chegar no pronto-atendimento, os profissionais podem utilizar fluidos intravenosos resfriados e outras técnicas para recuperar o paciente2

Mas, independentemente se o caso for insolação ou não, procure ajuda médica quando houver febre alta, dificuldade para andar, respirar ou falar, suor excessivo, perda de consciência ou confusão mental2

Leia também: Febre alta pode causar alucinações?  

Se estivermos falando de uma hipertermia maligna que ocorreu durante procedimentos médicos, há recursos que são utilizados como apoio: administração de medicamentos, hiperventilação com oxigênio e medidas de resfriamento são alguns deles10

Todo o cuidado é pouco quando o assunto é hipertermia! Tente se preservar ao máximo dos gatilhos para evitar essa preocupação.  

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Agosto/2023. MAT-BR-2306145 

Referências bibliográficas:
  1. Rede D’Or São Luiz. Hipertermia. Disponível em: https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/hipertermia. Acesso em 26 de setembro de 2023.  
  2. Cleveland Clinic. Hyperthermia. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/22111-hyperthermia. Acesso em 26 de setembro de 2023.  
  3. Centers for Disease Control and Prevention. Prevent Hypothermia & Frostbite. Disponível em: https://www.cdc.gov/disasters/winter/staysafe/hypothermia.html. Acesso em 26 de setembro de 2023.  
  4. National Institutes of Health. Hyperthermia: Too Hot for Your Health. Disponível em: https://www.nih.gov/news-events/news-releases/hyperthermia-too-hot-your-health-1. Acesso em 26 de setembro de 2023.  
  5. Harvard Health Publishing - Harvard Medical School. Heat Stroke (Hyperthermia). Disponível em: https://www.health.harvard.edu/a_to_z/heat-stroke-hyperthermia-a-to-z. Acesso em 26 de setembro de 2023.  
  6. Tarini VAF, Vilas L, Zanuto R et al. Calor, Exercício Físico e Hipertermia: Epidemiologia, Etiopatogenia, Complicações, Fatores de Risco, Intervenções e Prevenção. Revista Neurociências. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/view/8751. Acesso em 27 de novembro de 2023. 
  7. Wasserman DD, Creech JA, Healy M. Cooling Techniques for Hyperthermia. StatPearls [Internet]. National Library of Medicine. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459311/. Acesso em 26 de setembro de 2023. 
  8. Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde. Insolação. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/insolacao/. Acesso em 26 de setembro de 2023. 
  9. Mayo Clinic. Malignant Hyperthermia. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/malignant-hyperthermia/symptoms-causes/syc-20353750. Acesso em 27 de setembro de 2023. 
  10. 1Watt S, McAllister RK. Malignant Hyperthermia. StatPearls [Internet]. National Library of Medicine. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430828/. Acesso em 27 de setembro de 2023.