Dor do crescimento: o que é e como aliviar esse incômodo no seu filho

Durante o dia, a criança brinca e vive a vida normalmente. À noite, ela começa a se queixar de dores intensas pelo corpo, que aparecem de forma repentina. Esse tipo de relato de pais e cuidadores é comum quando falamos de dor do crescimento1.

Muitas mães e muitos pais podem ficar preocupados diante disso, afinal, há momentos em que a criança nem consegue explicar a localização exata da dor1, mas reclama bastante do incômodo.

Para ajudar, reunimos informações que detalham o que é a dor do crescimento. Entretanto, em caso de qualquer dúvida, não hesite em consultar um médico para entender melhor o que está acontecendo com seu pequeno.


O que é a dor do crescimento?

A dor do crescimento é uma condição benigna caracterizada por dores noturnas que aparecem geralmente nos membros inferiores e acometem cerca de 10% a 20% das crianças2.

As crises têm início entre três e seis anos de idade, em ambos os gêneros2, embora, segundo o American College of Rheumatology, possa se estender, em média, até os 14 anos. Logo, é possível que a chamada dor de crescimento também apareça na adolescência3.

O que causa a dor do crescimento?

As causas por trás desse incômodo não são totalmente esclarecidas até hoje. Mas a Sociedade Brasileira de Pediatria destaca que, apesar da nomenclatura remeter a essa ideia, a dor do crescimento não está relacionada à fase do desenvolvimento físico da criança e do adolescente2.

Diversas instituições médicas explicam que o termo acabou se popularizando pelo fato de as dores se manifestarem ao longo desse período4 e em regiões próximas às áreas de crescimento1, mas não é correto afirmar que o estirão de crescimento seja o real motivo dos incômodos2.

No entanto, existem, algumas hipóteses que justificariam essa condição benigna, como a fadiga muscular ou a realização de atividades de grande impacto, que resultam em dores musculares1.

A dor do crescimento pode, ainda, ter fundo emocional. Uma mudança de escola, ou mesmo o nascimento de um irmãozinho, aumentaria a predisposição a ter esse sintoma1. No fim das contas, ele é provavelmente desencadeado por uma série de fatores combinados (que, reforçando, não estão relacionados com o estirão de crescimento2), e não por algo isolado3.

O importante é saber que não se trata de manha ou frescura. A dor do crescimento na infância, bem como a dor do crescimento na adolescência, é verdadeira e os pais precisam estar atentos a isso1.

Entender o que é a dor do crescimento ajuda a observar melhor os pequenos. Não tem a ver com o estirão, mas pode ser fadiga muscular, atividades de alto impacto, ter fundo emocional ou até ser uma junção de vários fatores.

Quais os sintomas da dor do crescimento?

Na maioria dos casos, a dor se concentra nas duas pernas, especialmente na parte anterior das coxas, canelas, panturrilhas e atrás dos joelhos. O envolvimento dos membros superiores é raro2, apesar de existirem registros de dores na coluna, nos braços e no pescoço4.

O sintoma dá as caras à noite ou de madrugada, e pode ser tão intenso a ponto de levar a criança com dor no corpo às lágrimas. Na manhã seguinte, ele sumiu, como se nunca tivesse aparecido, e a vida segue normalmente2.

O intervalo entre as crises de dor do crescimento costuma ser de alguns dias, semanas ou meses — é difícil que aconteçam diariamente2.

Quanto tempo dura a dor do crescimento?

Os episódios de dor do crescimento variam de alguns minutos a horas e geralmente desaparecem no dia seguinte3. Porém, as crises podem acontecer por meses ou até anos de forma repetida4, dentro do período dos três2 até os 14 anos de idade3.

Como saber se meu filho tem dor do crescimento?

Um indicativo é notar as características da dor, para ver se elas se assemelham a dor do crescimento. Nesse caso, é uma dor tende a irromper durante a noite e atingir principalmente as pernas, sem provocar nenhum outro sintoma, como febre, inchaço, perda do apetite e manchas na pele1.

A principal recomendação da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica é para que os pais procurem um médico de confiança e, assim, o diagnóstico da criança com esse tipo de dor no corpo seja feito com precisão e segurança1.

Para isso, é necessário afastar suspeitas de doenças mais sérias. Esse desconforto, portanto, acaba sendo um diagnóstico de exclusão, pois outras causas de dor não-benignas devem ser levadas em consideração e investigadas pelo especialista2.

Para saber se o seu filho tem a dor do crescimento, é importante levá-lo ao médico. Todas as outras possibilidades serão avaliadas antes de fechar esse diagnóstico.

Diagnosticando a dor do crescimento

Primeiramente, o médico deve fazer um exame físico na criança com dor no corpo. Se o diagnóstico for dor do crescimento, nenhuma alteração será encontrada. Ela consegue caminhar normalmente, não há mudanças nos reflexos, fraqueza muscular nem deformidades e restrição de movimentos na coluna e nas extremidades2.

Mas quando as articulações estão inchadas, são notadas massas palpáveis e dor ao movimentar os membros ou apalpá-los, é necessário fazer exames de imagem para investigar outros problemas. Nesse cenário, radiografias e ressonância magnética são solicitadas para excluir o diagnóstico de neoplasias, infecções, lesões e traumas que nada têm a ver com a dor do crescimento2.

Os exames de laboratório também são capazes de detectar infecções e inflamações, quando apresentam níveis alterados no hemograma e aumento de valores nos marcadores de inflamação, como proteína C reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação. Mais uma vez, essas anormalidades não são encontradas quando falamos de dor do crescimento2.

Existem também outras causas que levam à dores nos membros, como doenças autoimunes, problemas estruturais, vasculares, hematológicos, metabólicos e síndromes de amplificação dolorosa. Todas essas possibilidades precisam ser avaliadas cuidadosamente pelo médico2.

Como aliviar a dor do crescimento?

Apesar de não haver um tratamento específico, é possível recorrer a medidas de para aliviar a dor do crescimento, orientadas durante a consulta. Elas são focadas no controle do sintoma enquanto ele não vai embora por conta própria3.

Entre as estratégias que o médico pode sugerir, estão:

  • massagear as áreas doloridas3;
  • fazer compressas quentes1;
  • investir em sessões de fisioterapia3;
  • tomar analgésicos ou anti-inflamatórios quando as crises demoram pra passar2;
  • aprender formas de enfrentar a dor com por meio de aconselhamento profissional3;
  • praticar atividades físicas regularmente, de forma equilibrada1.

Mais do que saber como aliviar a dor do crescimento das crianças e dos adolescentes, cabe também aos pais e cuidadores oferecer acolhimento3 e compreender e aceitar que essas dores são benignas e desaparecem com o tempo2. Sempre que surgirem dúvidas e houver a persistência de sintomas, marque uma consulta médica para receber todo o amparo necessário. Vai ficar tudo bem! :)

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Outubro/2023. MAT-BR- 2306179.

Referências bibliográficas:
  1. Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica. Dor do Crescimento. Disponível em: https://www.sbop.org.br/noticia/9/orientacao. Acesso em 6 de outubro de 2023.
  2. Sociedade Brasileira de Pediatria. Meu Filho Sente Dores nas Pernas: Será Dor de Crescimento? Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/desenvolvimento/dor-de-crescimento/. Acesso em 6 de outubro de 2023.
  3. American College of Rheumatology. Growing Pains. Disponível em: https://rheumatology.org/growing-pains. Acesso em 6 de outubro de 2023.
  4. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Dor de Crescimento é Comum e Afeta Principalmente as Pernas em Crianças. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/dor-de-crescimento-e-comum-e-afeta-principalmente-as-pernas-em-criancas/. Acesso em 6 de outubro de 2023.