Entenda se gripe pode virar pneumonia e veja diferenças entre as doenças

É verdade que gripe pode virar pneumonia?

Sim, uma gripe que não for bem cuidada pode virar uma pneumonia. As complicações mais frequentes da gripe são a otite e a sinusite, mas o quadro também pode evoluir para uma pneumonia, que é uma complicação potencialmente grave, como alerta a Sociedade Brasileira de Pediatria.¹

Nesse caso, a pneumonia pode ter como causa o influenza, mesmo vírus que provocou a gripe, ou ser resultado de uma infecção bacteriana secundária.¹

Entretanto, vale ressaltar não é tão comum que a gripe vire pneumonia, mas quando isso acontece, o quadro geralmente é bem grave.²

Resfriado pode virar pneumonia também?

Uma coisa pode acabar levando a outra. É como explica o infectologista Bruno Scarpellini*: “Toda infecção de vias áreas superiores (gripe ou resfriado) pode se complicar com uma doença bacteriana de vias aéreas superiores (ex: sinusite, otite) ou de vias aéreas inferiores (ex: pneumonia)”.

O que é e como se pega pneumonia?

A pneumonia é uma infecção ou inflamação grave dos pulmões, em que alvéolos (chamados de “sacos de ar”) se enchem de pus e outros líquidos, impedindo que o oxigênio chegue à corrente sanguínea. É algo grave, que demanda atenção e tratamento adequado, pois pode levar à morte.²

É uma doença provocada por microrganismos (vírus, bactérias ou fungos) ou mesmo pela inalação de produtos tóxicos. Então, se você já se perguntou como se pega pneumonia, saiba que o microrganismo que causa a pneumonia pode ser transmitido ar, saliva, secreções e até por transfusão de sangue.³

Assim como no caso de gripes e resfriados, o frio e as mudanças de temperatura também favorecem a transmissão da pneumonia, pois tais mudanças comprometem o funcionamento dos pelos do nariz, que atuam como um filtro de ar. Quando eles não trabalham corretamente, há uma maior exposição a microrganismos causadores de doenças.³

Quando há a contaminação, os agentes infecciosos ou irritantes vão para o espaço alveolar, onde ocorrem as trocas gasosas. Esse local deve estar sempre limpo⁴, mas quando acontece a infecção, há acúmulo de pus e outros líquidos.²

Entretanto, vale ressaltar que, diferente da gripe e do resfriado, os agentes infecciosos da pneumonia não costumam ser transmitidos tão facilmente. Ainda assim, há mais riscos de se "pegar pneumonia" em ambientes fechados e com muita gente. É importante atenção redobrada em locais como abrigos, hospitais, lares de idosos ou prisões.⁵

Sintomas de pneumonia

A pneumonia pode ser confundida com uma gripe porque alguns sintomas são semelhantes. Só o profissional da saúde poderá afirmar o que você tem.⁶ Por isso, ao sentir desconforto ou tiver qualquer dúvida, procure um médico para receber o diagnóstico correto e seguir com tratamento adequado para seu caso. Se estivermos falando de uma criança, leve-a ao pediatra para acompanhamento.

Dito isso, podemos listar como sintomas da pneumonia:

• tosse⁴ (pode haver secreção e sangue misturado³);
• dor no peito;^3,4
• febre alta⁴ (pode chegar aos 40oC³);
• calafrios;³
• alterações da pressão arterial;⁴
• confusão mental;⁴
• mal-estar generalizado;⁴
• falta de ar;^3,4
• secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada;⁴
• prostração (fraqueza).⁴

Na gripe geralmente há febre súbita, dor de cabeça e no corpo, mal-estar, tosse seca, dor de garganta e nariz entupido.⁷

Está na dúvida se você tem sintomas de pneumonia ou de gripe? Novamente, é essencial realizar uma consulta médica para realizar exames e ter um diagnóstico preciso.⁶

E qual o tratamento para pneumonia?

E se for confirmado o quadro de pneumonia, o que deve ser feito? Após todos os exames necessários (de imagem, de sangue, oximetria de pulso e exames de escarro⁶), o tratamento será definido pelo médico, de acordo com o tipo de pneumonia.³

• Pneumonias bacterianas: podem ser indicados antibióticos, como amoxicilina, azitromicina e claritromicina.³
• Pneumonias virais: o tratamento para pneumonia desse tipo pode incluir antitérmicos e analgésicos para aliviar os sintomas, além de medicamentos antivirais nas formas graves da doença.³
• Pneumonias fúngicas: o médico irá prescrever medicamentos específicos para o combate aos fungos causadores deste tipo de pneumonia.³

O paciente deve ser acompanhado de perto, em alguns casos, pode ser necessária a internação hospitalar. Mais uma vez, pneumonia exige tratamento adequado e, se não for bem cuidada, pode trazer sérias complicações e levar à morte.³

“Além de uma possível infecção generalizada, a pneumonia pode também levar a danos reversíveis ou irreversíveis ao pulmão. Isso pode ser causado pela inflamação e fibrose consequente a uma síndrome respiratória aguda grave (SRAG)”, alerta o médico infectologista Bruno Scarpellini*.

Como prevenir a pneumonia?

Medidas simples, como lavar as mãos, evitar aglomerações e não fumar (o tabagismo provoca uma reação inflamatória que facilita a penetração de agentes infecciosos, como os que causam pneumonia) são fundamentais na prevenção da pneumonia e de outras doenças respiratórias.³

Para se cuidar também é indicado:

• Não beber álcool: a bebida interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório.⁴
• Ter cuidado com o ar-condicionado: esse aparelho deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias.⁴
• Redobrar a atenção durante mudanças bruscas de temperatura⁴: o clima frio e seco favorece a proliferação de vírus1 e as alterações de temperatura podem prejudicar nossas defesas.³

Vacina contra pneumonia

Ainda é importante falar sobre a vacinação como forma de prevenção de pneumonia e de gripes!

Existem vacinas disponíveis para a pneumonia pneumocócica que, mesmo não sendo capazes de prevenir todos os casos de pneumonia, podem evitar as formas mais graves da doença.³ Elas são indicadas para crianças a partir dos 2 anos de idade e adultos, fazendo parte da Campanha Nacional de Multivacinação e oferecidas de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).⁸

Além disso, a vacinação contra a gripe reduz bastante as hospitalizações por pneumonia e a mortalidade global pela doença. Por isso, deve ser vacinada contra a gripe toda a população pré-definida nas campanhas, em especial os grupos de risco para complicações, como gestantes, mulheres com até 45 dias após o parto, crianças de 6 meses a 2 anos, profissionais de saúde, doentes crônicos, pessoas privadas de liberdade e idosos a partir dos 60 anos de idade.³

O que fazer para uma gripe não virar pneumonia?

Já te explicamos tudo sobre a pneumonia, mas, antes de ir, é importante voltar para a nossa dúvida inicial. Entendemos que uma gripe mal curada pode virar pneumonia, então o que fazer para evitar tal complicação?

Bom, o primeiro passo é cuidar da gripe. Quando é feito o uso correto de medicamentos (sob orientação médica, sempre!), como o tratamento precoce com antivirais, é possível reduzir os sintomas da gripe e o risco para complicações como pneumonia, bronquite ou otite média.¹

Além disso, se a pessoa já está doente, o sistema imunológico está debilitado, e isso pode ser a porta de entrada para outros problemas, outros agentes infecciosos.⁶ Portanto, vale lembrar das medidas de higiene e prevenção contra doenças respiratórias.^3,4

Leia ainda: O que piora a gripe - saiba o que não fazer quando estiver gripado

Não corra o risco de uma gripe virar pneumonia ou outra complicação. Mantenha a carteirinha de vacinação em dia e cuide de você e de quem estiver ao seu redor. Saiba ainda formas de evitar gripe e resfriados e dicas para aumentar a imunidade contra a gripe.

*Bruno Scarpellini – infectologista – CRM 716073-RJ

Junho/2024. MAT - BR - 2402605